Quem somos


Caros amigos

Minha historia com o saber começou logo cedo, meu pai veio do interior de São Paulo da cidade de Boituva, quando chegou aqui foi morar em uma pensão onde a dona não permitia o uso de lâmpadas após as vinte horas. Ele no intuito do saber, lia e relia livros de matemática, português e outras matérias de um curso de alfabetização à luz de vela por noites a fio.

Quando tinha sete anos de idade e já na escola, os mesmos livros que meu pai tinha usado para seus estudos, foram aplicados por ele na minha alfabetização. Meu pai comprou um caderninho de cento e cinquenta paginas e nele passou uma lição de matemática e contas, que foi minha bagagem por anos. Minha mãe estudava o mobral e para que eu não ficasse sozinha em casa ela me levava nas aulas, que para mim era uma tremenda aventura, e que em muitas vezes acabava adormecendo debaixo das carteiras da escola. Meu pai sempre foi meu grande incentivador de sempre continuar os estudos, dizia ele que ele não teve oportunidade para estudar por ter que trabalhar cedo na roça e poder ajudar no sustento da família, mas eu tinha que sempre não desistir dos estudos.

Por minha familiarização com as pessoas idosas do antigo mobral e pela admiração de ver nos rostos desses alunos o brilho nos olhos de conseguir escrever o próprio nome ou desenha-lo. Isso me fez investir uma parte das minhas aulas no EJA, isso foi um sonho de aprendizagem, podia sentir nos alunos o sofrimento de não poder saber e a alegria de poder fazer uma simples conta. Isso tudo, minha interação com os alunos, foi sem duvida pelos anos que acompanhei minha mamãe no mobral, isso formou em mim um grande respeito e satisfação de poder compartilhar um pouco do saber com esses alunos. Minha participação com meus pais no saber e pelo apoio recebido, tenho isso como a maior expressão que marcou minha trajetória no mundo do saber.

Sempre compartilhando e interagindo para o bem comum e a dedicação que minha mãe sempre demonstrou em saber, isso tudo transformou minha aula em uma verdadeira interação e participação de meus alunos no compartilhar das aulas e no amor de ensinar. Marcar que aprendi  em casa com meu pai e nas aulas de minha mamãe, aplico até hoje. 


Profª Regina Célia



Olá, eu sou a professora Rosangela Camacho Desterro, da cidade de Mauá, na diretoria de Maua mesmo atuo na rede há 20 anos com as disciplinas de matemática e ciências. Aprecio muito do livro o Homem que Calculava e como diversão gosto de seriados de investigação policial, reparo quantos conhecimentos são necessários de matemática, física, química, geografia e outras tantas para se analisar pistas de um crime e levantar hipóteses e testá-las, fico admirada e intrigada. Bom, minha experiência com a leitura que me marcou muito vou citar:  Lembro-me de quando ainda era adolescente e li um livro cujo título era Dibs em Busca de Si Mesmo. O enredo era sobre um garotinho de família rica que o deixava trancado no quarto, isolado do convívio social por acharem que ele tinha problemas mentais. Ele faz tratamento com um psicóloga e quando brinca cria casinhas que não têm portas e janelas, explicando desta forma o que está em seu interior, pois ele não respondia as perguntas não falava nada. No desenrolar da história o garotinho cresce e se descobre que ele é extremamente inteligente e ele escreve coisas maravilhosas. Isso marcou minha vida e me faz ficar curiosa com relação ao tratamento psicológico e que feito pode ser feito que nós educadores gostaríamos que todos os nossos educandos tivessem acesso. E quanto a nós, também precisamos de tratamento psicológico pois vemos a dificuldade em nossos alunos que não é só pedagógica e nos angustia não ter muito o que fazer, acarretando um "peso" sobre nós que precisamos compartilhar...

Profª Rosangela Camacho



Olá caríssimos cursistas.


O meu depoimento de vida e contato com a leitura e escrita ficou assim:
Nasci em uma família de agricultores, com avós analfabetos, pai com terceira série e mãe concluinte do primário, o que para a época era uma grande conquista familiar. Com a evolução industrial fizeram também eles parte da estatística do êxodo rural, fixando residência na cidade de Mauá. Acredito que por isso e também pelo baixo poder aquisitivo, eles não tinham o hábito de leitura e em nossa casa não tínhamos livros, a não ser a Sagrada Bíblia. Sem televisor e apenas um rádio de ondas curtas e médias, o qual só poderia ser ligado pelos adultos. A única diversão noturna nossa, era ficarmos reunidos na sala para conversarmos e nesse momento normalmente os Pais e avós contavam causos de suas origens e experiências, o que era muito emocionante. 
Quando comecei a estudar, como não existiam referencias familiares e nem incentivos, não desenvolvi o hábito de leitura e quando era obrigado a ler, o fazia sem vontade alguma. Concluindo, lia muito mau, escrevia pior ainda, não usava acentuação, nem concordância e tinha uma péssima redação.
Acredito que as mudanças de comportamento que sofri, foram de responsabilidade de alguns Professores que passaram pela minha vida escolar, sempre me incentivando à leitura e à escrita, me apoiando sempre, mesmo naqueles momentos em que eu escrevia um texto muito ruim. Até na época de Faculdade enfrentava ainda muitos problemas com a grafia, não que eu tenha os perdido totalmente, porém com muita leitura tenho melhorado. Com a profissão que escolhi vim a perceber o quanto é importante a leitura e a escrita. Como incentivar nos alunos se o próprio Professor não gosta de ler?
Participando ativamente da comunidade católica de meu bairro, aos poucos fui aumentando minha participação em grupos de estudo e cursos, hoje tenho que ler muito para estar preparado em minhas participações.
Hoje ainda posso dizer que não sou um apaixonadíssimo pela leitura, porém não fico sem ela e sei que a leitura só me ajuda em todos os sentidos. É como na fala de Clair Felix Regina “O mundo que você quer, está dentro do que você cria“. Percebi então, ser este o motivo pelo qual eu goste tanto de escrever, pois, consigo colocar facilmente no papel os meus sonhos e minhas frustrações. 




Profº Sidnei C.Lazaro

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